sábado, 27 de junho de 2009

Neurônios Espelhos- autismo

Neurônios-espelhos

Espelhos na mente

Um tipo especial de neurônio que reflete o mundo exterior revela nova via para o entendimento, raciocínio e aprendizado humanos.

João observa Maria pegar uma flor. João sabe o que Maria está fazendo - colhendo a flor –­­­­­­­­­ e sabe também porque ela o faz. Maria sorrir para João e ele advinha que ela lhe dará a flor de presente. A cena singela dura apenas momentos, e a com - preensão de João do que está acontecendo é quase instantânea. Como exatamente ele entende a ação de Maria,bem como sua intenção,com tanta facilidade?

Uma ação desempenhada por uma pessoa pode ativar no cérebro de outra caminhos motores responsáveis por realizar a mesma ação. O segundo entende visceralmente o que o primeiro está fazendo porque este mecanismo – espelho faz com que ele sinta a experiência em sua mente.

João percebe a ação de Maria porque, ao mesmo tempo que essa ação se dá diante de seus olhos na verdade ela se realiza diante de sua mente.

Quando percebemos pela primeira vez os neurônios – espelhos, nosso objetivo não era confirmar ou refutar uma ou outra posição filosófica. Estudávamos o córtex motor do cérebro, em especial a área F5. Para tanto, registrávamos as atividades de neurônios individuais no cérebro de macacos. num dado momento começamos a perceber algo estranho:quando um de nós pegávamos um pouco de comida, os neurônios dos macacos disparavam como se eles próprios estivessem pegando o alimento. Percebemos que essa ação observada era uma representação real no cérebro do próprio ato, independentemente de quem o estava realizando.

Depois dessas descobertas no macaco, naturalmente nos perguntamos se um sistema de neurônios – espelho também existiria no cérebro humano. Uma série de experimentos empregando técnicas para detectar alterações na atividade do córtex motor nos forneceu fortes evidências positivas. Voluntários humanos olhavam para objetos estacionários, nesse caso vendo ações realizadas por outros ativava três áreas principais do córtex cerebral: o sulco superior temporal; o lobo parietal inferior e o córtex pré-motor ventral dos macacos., incluindo os F5.

A disfunção no sistema espelho talvez tenha a ver com déficits de empatia, como os que se vêem nas crianças autistas.

Se o padrão de uma ação motora de um neurônio – espelho é inscrito pela primeira vez no cérebro por experiência, por exemplo, então deve ser teoricamente possível suavizar déficits de córtex motor, como aqueles sofridos após um derrame, por meio da produção de um novo padrão de produção.

Os cientistas não sabem ainda se o sistema de neurônios – espelho é exclusivo dos primatas ou se outros animais também os possuem.

Esse espelhamento interno pode ser uma habilidade que surgiu tarde na evolução, o que explicaria por que ele é mais marcados em humanos.

Espelhos quebrados

Uma teoria sobre o autismo

Estudos sobre sistemas de neurônios - espelhos podem revelar as causas da doença e ajudar pesquisadores a desenvolver novos métodos de diagnósticos e tratamento

A criança autista ela não olha nos seus olhos, evita-os; balança o corpo para frente e para trás; bate a cabeça contra a parede. Não consegue manter uma conversação e apesar de sentir medo, raiva e prazer ele é incapaz de demonstra empatia e de apreender os sinais verbais de comunicação, como faz a maior parte das crianças.

Na década de 40, dois médicos, o psiquiatra americano Leo Kanner e a pediatra austríaco Hans Asperger descobriram o distúrbio desenvolvimento que afeta milhares de crianças no mundo. Autos vem do grego que significa “de si mesmo”. O traço mais flagrante da doença é o isolamento do mundo exterior, com a conseqüente perda da interação social.

A propensão à doença é hereditária, embora fatores ambientais exerçam importante papel .

Principais sinais do autismo: isolamento social, ausência de contato visual, pobreza de expressão verbal e inexistência de empatia, entre outros.

As teorias propostas para explicar o autismo podem ser divididas em dois grupos: o anatômico e o psicológico.

Estudos posteriores mostraram que os neurônios – espelho localizam-se em diferentes regiões do cérebro humano, como o córtex cingular e o córtex insular e desempenham importante papel nas demonstrações de empatia.

Reduzida é a atividade dos neurônios – espelhos no córtex pré - motor de autistas, o que talvez explique sua dificuldade de perceber intenções alheias. Disfunções dessas células nervosas no córtex cingular anterior e no córtex insular possivelmente a causa de sintomas afins, como ausência de empatia. Deficiência no giro angular podem redundar em problemas de linguagem. Quem sofre do distúrbio costuma apresentar alterações estruturais no cerebelo e no tronco encefálico.

As ondas Mu e o autismo

A comprovação por exames eletroencefalográficos (EEG) de que a emissão de impulsos elétricos pelos neurônios no córtex pré – motor suprime as ondas um revelou-se um excelente método para estudar os sistemas de neurônios – espelho em autista. Para tanto, pesquisadores monitoraram ondas mu em crianças portadoras do distúrbio e em crianças de um grupo de controle : ambos os grupos foram instruídos para executar movimentos musculares voluntários e em seguida assistir no vídeo aos mesmos movimentos.

Espelhos quebrados podem ser

Para explicar alguns sintomas secundários do autismo – hipersensibilidade, ausência de contato visual, aversão a determinados sons – foi criado a teoria do mapa topográfico emocional.Na criança sadia, as informações sensoriais são enviadas para as amígdala, a porta de entrada do sistema límbico, que é a unidade responsável pelas emoções.Usando o conhecimento armazenado no próprio indivíduo, a amígdala determina qual a resposta emocional que ele deve dar a cada estímulo que recebe de seu entorno e, com o tempo, cria um mapa topográfico dos significados emocionais do ambiente da criança. Na que sofre do distúrbio autístico, porém, as conexões entre as amígdala e as áreas sensoriais podem estar distorcidas, e essa anormalidade resulta em reações emocionais extremadas a coisas e fatos sem importância.

A verdadeira causa do autismo permanece um mistério. Enquanto ele não é desvendado, nossas especulações talvez ofereçam uma base útil para futuras pesquisas.

Neurônios – espelhos

Os neurônios – espelho reflete um novo meio de ver o mundo.

As experiências com macacos ajudaram os cientistas a terem uma visão mais ampla de como os neurônios - espelho funcionam. Assim os macacos refletem os atos como se estivessem se vendo no espelho. Sendo que só em sua mente ficou gravado aquele momento.

Esses “neurônios – espelho” faz com que a pessoa sinta, os atos, emoções as intenções das outras. Sendo assim, só precisa que uma pessoa faça seus gestos que a outra o copiará.Os mecanismos espelhos agem de uma forma que ela sente como se estivesse ocorrendo consigo mesma.

A empatia humana pode representar um mecanismo neural físico que permite entender as emoções de outros.

Com isso as experiências ajudam os cientistas a responder se o sistema espelho permite-os saber se o que a pessoa sente é realmente o que ela faz,.mas acho que ficou claro que essas pessoa são especiais pelo simples motivo de serem capazes de recordar e retratar um fato em um dado momento.

RIZZOLATTI, Giacomo, FOGASSI, Leonardo e GALLESE, Vitório.Neurônios – espelho. Portugal: Ed.55,Duetto,dezembro de 2006, ano 5.

GIACOMO RIZZOLATTI,LEONARDO FOGASSE e VITÓRIO GALLESE trabalham juntos na universidade de Parma na Itália, onde Rizzolatti é o diretor do departamento de neurociências e Fogasse e Gallese são professores associados. No começo dos anos 90, seus estudos sobre sistemas motores no cérebro de macacos e humanos revelaram pela primeira vez a existência de neurônios com propriedades espelho. Desde então eles tem investigado esses neurônios – espelhos em ambas as espécies, bem como o papel do sistema motor na cognição geral. Eles freqüentemente colaboram com os muitos outros grupos de pesquisa na Europa e nos Estados Unidos que também estudam amplitude e as funções do sistema dos neurônios – espelhos em humanos e animais.

Autismo

Os autistas tem com traço mais marcante o isolamento do mundo exterior.Assim, não compreendem metáforas, pois as levam ao pé da letra.

Nos autistas os neurônios – espelhos parecem desintegrar as mesmas funções. Conseguem visualizar e ao mesmo tempo gravar em sua mente uma dada imagem com todos os detalhes.

Autismo e neurônios – espelho possuem os mesmos sintomas, como isolamento social e ausência de empatia.Mas se as funções estiverem adormecidas em vez de ausentes, será possível a criança recobra-las.

Há resultado incontestável de que autistas têm disfunção do sistema neurônios – espelho.

Podemos dizer que esse tipo de pessoa tem uma realidade inversa à nossa. Vendo o mundo como um lugar inseguro, o que os leva a se esconderem em um mundo fantasioso. Onde podem realizarem os seus atos e suas emoções.

RAMACHANDRAN,Vilayanur S. e OBERMAN Lindsay M.Autismo. Portugal:ed.55,Duetto,dezembro de 2006,ano5.

VILAYANUR S. RAMACHANDRAN E LINDSAY M. OBERMAN investigam as relações entre autismo e neurônios-espelho no Centro de Pesquisas Cerebrais e Cognitivas da Universidade da Califórnia em San Diego. Ramachandran, que dirigi o centro, tem doutorado em neurociências pela Universidade de Cambridge. Renomado especialista em anomalias cerebrais , ele é profundo conhecedor da sinestesia e do fenômeno dos membros fantasmas. OBERMAN é aluno de graduação.

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